Cinco centavos. Esse é o valor necessário de reajuste do quilo da uva em relação ao ano passado. O número foi apurado em uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese) feita na região. O estudo, realizado anualmente, é a base para o os produtores negociarem o preço da uva e apurar quais são seus gastos com a produção. O cálculo é feito em cima da produção da uva comum.

A análise dos dados começa por um questionário feito pela Comissão Interestadual da Uva, depois passa por um estudo técnico do Dieese. O economista Ricardo Franzoi, supervisor técnico do Departamento, apresentou ao setor vitivinícola o estudo ainda em setembro. Após isso, foram feitos ajustes para apresentar o valor.

Franzoi explica que a pesquisa leva em consideração todas as despesas da produção, como o maquinário empregado, mão de obra, insumos utilizados, valor do transporte e empréstimos. Também é calculado o custo de implantação de um parreiral, diluído ao longo dos anos de vida útil da videira. “É um levantamento que iniciamos há algum tempo e vem sendo apresentado anualmente, a partir de questionários que foram distribuídos nos principais municípios produtores. Foram mais de 400 fichas no início do processo”, explica.

Segundo o economista, todos os anos o estudo é atualizado, levando em consideração as mudanças e modernização da atividade. “Antes se utilizava uma tesoura normal, hoje tem tesoura elétrica. Isso tem reflexo no número de dias que são utilizados para produção de um quilo de uva. Basicamente, o que a gente vê é que, cada vez mais, tem uma modernização, um pacote tecnológico que está avançando bastante”, afirma.

Preço oficial desvaloriza o produto

Cedenir Postal, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, diz que, para esse ano, o valor definido ficou em R$ 1,10. No estudo foram incluídos alguns maquinários que vêm sendo utilizados, como os contentores bins, que têm capacidade para 400 quilos de uva. “Assim, pode-se carregar direto do trator, mas o produtor também precisa adquirir um equipamento que é acoplado no veículo”, destaca.

Postal diz que o seguro agrícola, que precisa ser contratado de empresas privadas pelos agricultores, também foi incluído no levantamento. Mas o valor está além do ideal, porque o estudo apresentado não é o mesmo do cálculo feito pelo governo. “Uma preocupação dos vitivinicultores é a indefinição do valor da uva até próximo a colheita. O sindicato define um preço, mas não é o mesmo do governo. No último ano ficou dois centavos a menos do o apontado pelo nosso estudo, desvalorizando o produto”, finaliza.

Foto: Arquivo