Com um efetivo limitado e um aumento crescente da criminalidade, 2014 tem sido um ano complicado para a Polícia Civil em Bento Gonçalves. Titular da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), que é especializada no combate aos roubos, há oito anos, o delegado Álvaro Becker aceitou conversar com a reportagem do Semanário na manhã de quinta-feira, 11, sobre este momento de insegurança e elevado número de homícidios e roubos.

Responsável pelo esclarecimento de 14 dos 19 assassinatos ocorridos no município neste ano, o delegado pede que as pessoas não tenham medo de relatar crimes para a polícia. Em sua opinião, são as informações repassadas pelas pessoas de bem que solucionam a maioria dos delitos e tiram de circulação estes delinquentes.

Durante cerca de meia hora, o delegado Álvaro Becker comentou sobre o intenso ritmo de trabalho em sua delegacia, o andamento das investigações e opinou sobre o tão comentado “prende e solta” que as autoridades policiais precisam enfrentar diariamente.

Jornal Semanário: Como andam as investigações da 1ª DP diante deste aumento da criminalidade?
Álvaro Becker: Nós estamos realmente com excesso de serviço, não só em relação aos homicídios e latrocínios, mas também com os assaltos. Agora até deu uma baixada nas ocorrências, devido às operações que a Brigada Militar está realizando. Este reforço no policiamento ostensivo ajudou bastante. Aliado a isso, na própria delegacia, fizemos um remanejo para montar duas equipes com direcionamento nas investigações, uma para os roubos e outra para os homicídios. E que começou a dar resultado, com a identificação de assaltantes e pedidos de prisões preventivas. Alguns delinquentes já foram recolhidos e outros estão na iminência de serem presos.

JS: Qual a ideia desta mudança?
Becker: Direcionar duas frentes de trabalho na investigação para poder ter prioridade nos fatos graves. Uma equipe esclarecendo homicídios e outra controlando os assaltos. Neste primeiro momento, é para dar uma agilizada no trabalho e já houve esta melhora na remessa de pedidos para a Justiça. Nós precisamos das perícias e das provas testemunhais que nos auxiliam na elaboração de uma representação. Na maioria dos homicídios existem testemunhas, porém por medo não nos informam (o ocorrido) e temos que depender de alguma perícia para relacionar os autores. E aí depende muito da agilidade dos investigadores. Se ficar algum tempo sem mexer em uma investigação as provas somem. É importante ter imediatamente este atendimento para preservar as provas e perícias.

JS: A delegacia está conseguindo respeitar os prazos de investigação?
Becker: Se tem algum suspeito preso, existe um prazo determinado que não pode ser descumprido. Os prazos estão sendo cumpridos, com exceção de perícias que dependem do Instituto Geral de Perícias (IGP) e de uma série de providências. Mas os prazos estão sendo obedecidos. Porém existem casos que não têm um prazo determinado pois requerem uma investigação mais demorada.

JS: Como estão as remessas dos exames solicitados para o IGP e o Posto Médico Legal (PML)?
Becker: Este ano ocorreu um acúmulo diante de tantos casos. O que demora para chegar são alguns exames complementares que necessitam de laboratórios. Mas são procedimentos que não atrapalham a investigação ou a ação penal. Quanto ao IGP, existe um problema de falta de local e equipamento, o que, as vezes, atrapalha. Não que não venha, mas demora. E precisamos estar sempre em cima. O IGP atende todo o Rio Grande do Sul e neste ano houve um aumento geral nos índices de homicídio. É uma questão que precisamos ponderar.

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