Júlio Lorenzoni, relata em suas memórias as várias etapas de desenvolvimento da ocupação do lote, onde havia em diversos lugares o encadeamento de atividades, com a arquitetura subordinada à agricultura.
“Os chefes de família apresentavam-se ao diretor da Colônia, o qual consignava, a cada um, o lote já demarcado nas diversas linhas. Prevaleceu a condição de que os imigrantes procedessem da mesma região, ou cidade da Itália e ficassem possivelmente vizinhos”.

Chegando em seu lote, procuravam abater a vegetação que fechava e sombreava tudo, abrir uma clareira e tratava de armar uma cabana de paus a pique, coberta de folhas, que havia de servir de primeiro abrigo para a família.

Acomodava da melhor maneira possível naquela mísera moradia, a primeira providência que cada família tomava para acender um fogo, que ficava aceso dia e noite, servindo-lhe este de companhia e defesa contra alguma ataque dos animais selvagens e ferozes que habitavam a floresta.

Logo no dia seguinte, todas as pessoas aptas ao trabalho davam início ao desbravamento da mata. Isto era feito num espaço de um hectare de terra. Além disto, traçaram e limparam das ervas o caminho que levaria à fonte das águas, preparando o lugarzinho onde iriam lavar a roupa.

Os imigrantes deveriam esperar até três meses e meio, até o milho ter chegado à sua completa maturação, conformando-se com a primeira colheita. Enquanto esperavam davam início a preparação do madeirame para construi a casa. Procuravam, para isto, madeiras que dessem umas colunas, vigas e troncos de certas árvores, tiravam tábuas, ainda rústicas, pois eram cortadas a machado, mas servindo para fechar, à volta, a casinha que iria ser coberta com tabuinhas.

Num espaço de cinco a seis meses, muitas casinhas estavam prontas, todas de madeira, cada uma com sua respectiva cozinha a poucos metros de distância e esta com seu fogão primitivo (focolare), sua pia para lavar a louça, também de madeira, e uma prateleira com grandes ganchos para pendurar o balde d’água, as panelas e outros utensílios.

Entre os nossos imigrantes, havia os carpinteiros, ferreiros, moegeiros, assim é que três meses depois já estavam prontos cerca de dez moinhos.

Nesse andar o imigrante, dia a dia, melhorava seu padrão de vida, satisfeito, feliz, sentindo-se um “proprietário”, livre e independente, esquecendo assim, todos os sofrimentos e dificuldades passadas depois de sua saída da Pátria Itália.

“No início do século 20, em 1900, o estado geral da Colônia é bastante satisfatório. A maior parte dos imigrantes, começa a substituir as casas primitivas de madeira por lindas casas de pedras grandes e espaçosas. As estrebarias para abrigo dos animais bovinos e cavalos também são melhoradas e as cantinas mais confortáveis, para guardar seus bons vinhos”.