Já são passados cinco anos desde que, no Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, fui dado como “quase morto”. Um pé estava na cova e o outro numa casca de banana. Depois de uns doze dias em coma, descansando sob cuidados médicos, nasci de novo e voltei ao mundo dos vivos. Que maravilha!

Ao retornar para casa visitei minha adega e reencontrei todas aquelas garrafas: vinho de primeira, conhaque do barril do João, rum da Guatemala, whisky e tudo de bom para uma festa.

Certamente iriam tomar metade do estoque no meu velório.

Resolvi aumentar as doses e comecei a beber tudo, começando pelas melhores bebidas. Resultado: apareceu uma generosa barriga e tive que aumentar o tamanho das roupas. O cinto foi para o primeiro buraco, ou último se contarmos de traz para a frente.

O estoque nunca acabou pois sempre está renovado. A mais recente garrafa entrou hoje na adega. Foi a comemorativa aos 25 anos do Grupo Giordani de Turismo que recebi com taça e abridor.

Fato é que a barriga começou a incomodar. É como carregar todos os dias o peso de dois garrafões de vinho, uns nove quilos. Num ano equivale a mais de três toneladas de peso carregado.

Reduzi as doses e aumentei o prato das saladas. Deu resultado.

Todos os dias a balança acusa um sucesso que não é tão grande. Coisa de cinquenta a cem gramas por dia. Quando aparece a marca de um quilo a menos é uma festa, comemorada com vinho.

De qualquer forma vamos controlando a situação até que seja necessária a intervenção da nutricionista e da academia.

No cinto já são dois furos a menos.

Importantes pessoas de Bento que conheci quando criança tinham senhoras barrigas. Parecia que o status era diretamente ligado ao volume da barriga: mais barriga mais importante o cara.

O tio Oreste, quando alfaiate ali na Saldanha Marinho, tinha uma fita métrica com uma pedrinha amarrada numa das pontas. Ele jogava por um lado da barriga e pegava o metro no outro lado. No regresso para apanhar a roupa o cliente até estava mais magro.