Com o objetivo de valorizar gastronomia típica e vinho colonial, Festival Nacional reúne comunidade e turistas em Bento

Para integrar a comunidade e preservar as raizes da culinária típica e do vinho colonial, acontece desde julho, nos distritos de Bento Gonçalves, o 6º Festival Nacional do Vinho Colonial. As festas já foram promovidas pelas comunidades de São Pedro e Faria Lemos. No sábado, 1º de setembro, aconteceu a edição do Vale dos Vinhedos e, no dia 28, ocorre a de Tuiuty.

Embora tenha sido criado como um evento com foco na comunidade, nas últimas edições começou a ganhar a adesão de pessoas de outras cidades e estados. Além disso, os organizadores comentam que turistas planejam sua vinda para Bento especialmente na época em que acontece o Festival.

O enólogo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Bento Gonçalves, Thompson Dioné, participou da seleção dos vinhos que são servidos no Festival. “São vinhos selecionados, de alta qualidade. No Vale dos Vinhedos se destacam aqueles produzidos com viníferas, como syrah, malbec e tempranillo, mais difíceis de serem cultivadas em outros locais”, enfatiza.

Outro ponto importante para Didoné é o resgate da gastronomia e a integração da comunidade. Cada uma das festas valoriza um produto típico de cada local. “A gente conseguiu unir a parte histórica, do resgate da cultura, da culinária e dos vinhos. E o mais importante de tudo isso, a integração da comunidade”, ressalta.

Nos últimos anos, tem aumentado o número de turistas que buscam o Festival. De acordo com Didoné, pela vocação turística de Bento, é normal que os eventos ganhem essa repercussão. “Hoje a gente tem uma demanda muito grande de turistas. Tivemos casos onde o pessoal teve que parar de vender ingressos de tão grande que é a demanda. Se vende somente para atender bem o público que prestigia 0 festival”, afirma. Ele ainda coloca que o preço é justo e não visa lucros, na medida em que em alguns casos não há diferença entre receitas e despesas.

Para o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho), Marcos Botton, as vinícolas que participam do evento são familiares e produzem vinho em casa, mas não estavam legalizadas. “Isso é legal. A partir do momento em que legaliza, pode se inserir no mercado com a cultura e o jeito próprio de fazer vinho”, aponta. Ele acredita que o projeto pode auxiliar no enoturismo e inclusive resultar em roteiros próprios.

Ainda segundo Botton, há um espaço de mercado interessante a ser ocupado pelos vinhos coloniais, na medida em que os consumidores buscam essa experiência. “Dependendo do modelo da indústria vitícola, não se tem mais o contato com o dono. Por isso você vai resgatar a própria família trabalhando o produto e passando essas características culturais na propriedade, sou entusiasta disso”, afirma.

Para o pesquisador, o modelo em questão é uma das principais formas de atrair pessoas para a região. “Esse tipo de projeto traz uma perspectiva do filho ficar na propriedade trabalhando com a família”, acredita. Ele afirma que na Europa há uma tentativa de resgate e tendência de focar na produção familiar. “Não há uma regra geral, mas para a Serra é um belo de um projeto para atrair pessoas que vão consumir esse tipo de produto”, aponta.

Objetivo é de resgatar a tradição do vinho colonial

Organizadores da edição do Vale dos Vinhedos, no sábado, 1º. Foto: Lucas Araldi

Na observação dos organizadores da edição do Vale dos Vinhedos do Festival Nacional do Vinho Colonial, ao longo das seis edições o evento tem evoluído. “É uma festa municipal e reúne os quatro distritos”, comenta José Milani.
Segundo ele, o objetivo inicial foi de resgatar o vinho colonial, porque a cultura estava se perdendo. “Hoje nós temos 38 vinhos avaliados por 3 enólogos e aprovados para estar aqui”, comenta.

Na sua percepção, os agricultores fazem o produto com uvas viníferas, mas com estilo colonial. No dia 28 de setembro ocorre a edição de Tuiuty.