Sirlesio Carboni Júnior participou de importante prova do cenário das corridas e passou por trajetos na Itália e França


Sem muita dificuldade de associação linguística, conclui-se que o Mont-Blanc, a mais alta montanha dos Alpes (localizada em países da União Europeia), é majoritariamente coberta por neve — o que a torna um monte branco e frio. Clima e terrenos hostis daquela topografia foram testados na última semana, durante a Ultra-Trail du Mont-Blanc (UTMB). Um atleta de Bento Gonçalves participou da disputa do TDS (Traces des Ducs de Savoie) — uma das corridas da programação do evento — e completou os cerca de 125 Km em sua mais longa jornada como corredor.

Sirlesio Carboni Júnior é corredor amador e integrante da Bento Trail Runners (BTR), grupo da Capital do Vinho que se reúne para treinamentos e corridas em trilhas. Ele foi um dos 1600 competidores do TDS (dentro de um universo de cerca de 7000 participantes de toda a programação). Na segunda prova mais longa da série, Carboni percorreu aproximadamente 125 Km em percurso bastante acidentado.

Em janeiro deste ano, Carboni inscreveu-se na competição após atingir a pontuação mínima necessária para uma das mais tradicionais provas do mundo da corrida em trilha. “No mês seguinte eu já iniciei os treinamentos específicos com um profissional que já havia corrido a TDS. Eu percorri 2,3 mil Km em preparação para a prova durante 6 meses, além de fazer musculação, massagem e fisioterapia para chegar na melhor forma possível”, relembra.
Apesar da prova ser sediada em Chamonix, na França, a largada ocorreu em Courmayeur, no território italiano, na quarta-feira, 29 de agosto . Desta forma, os participantes passaram pelos dois países europeus durante a trajetória.

Ainda que o hemisfério norte viva a fase final de seu verão, a considerável altitude do Mont-Blanc impôs aos participantes o frio característico dos maiores picos do globo terrestre. “Já treinamos no inverno e no verão para estarmos preparados para variações. Ainda contamos com casacos e luvas especiais para ajudar”, explica Carboni, que atingiu, no ponto mais alto, a marca de 2,6 mil metros. “Costumamos dizer que é a montanha e o clima que comandam a nossa corrida. Se ela não quiser, não subimos, temos que respeitar”, adiciona.

Não é só o físico

Além dos problemas relacionados ao clima e as mazelas que este causam no terreno e no corpo dos competidores do TDS, o cuidado com o fator psicológico se faz necessário para que seja possível a conclusão da prova. O competidor de Bento Gonçalves, por exemplo, foi surpreendido pela esposa, que preparou uma série de vídeos motivacionais gravados por amigos para serem vistos antes da prova.

Além dos materiais prévios, um dos postos de ajuda localizado ao fim da prova apresentava vídeos direcionados aos competidores que nele atingiam. “Eu cheguei o local muito molhado devido ao frio e à chuva. De repente passei a ouvir minha mãe; depois olho no vídeo e vejo minha esposa e filhas. Foi muito importante para auxiliar no momento difícil da reta final”, explica. Ainda para o corredor da BTR, “chega um momento em que o uso da cabeça é o mais importante para que consigamos finalizar o percurso”.

Sirlésio Carboni Júnior finalisou sua primeira participação no UTMB após 25h02min de corrida. Além dele, mais três locais estiveram em ação em provas mais curtas: Marcelo Ticiani, Dalila Ticiani e Cátia Geremia.


Fotos: Reprodução.