Em 2018, município disponibilizou cerca de 50 mil atendimentos em especialidades; destes cerca de oito mil faltaram

Mais de 8,2 mil consultas deixaram de ser realizadas durante o ano passado em Bento Gonçalves. O número equivale a 16,82% dos quase 50 mil atendimentos em especialidades no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, exames agendados também se igualam às consultas. Os números foram apresentados pelo secretário de Saúde, Diogo Siqueira. Com a não realização dos procedimentos, além do desperdício financeiro, as filas de espera, que poderiam ser findadas, acabam aumentando significativamente. Ações entre Poder Público, profissionais da saúde e clínicas conveniadas visam sanar este problema.

Conforme o secretário, 80% dos casos são resolvidos com a equipe da atenção básica. “O restante, que não pode ser solucionado, nós encaminhamos para os especialistas”, explica. Em recursos financeiros, as ausências custam anualmente cerca de R$ 800 mil. No entanto, Siqueira salienta que além do valor, a não realização da consulta ou exame acaba aumentando as filas de espera. “Não houvessem essas faltas, conseguiríamos com mais facilidade acabar com algumas filas de espera”, garante.

As faltas, segundo o secretário, não se resumem apenas ao não comparecimento dos pacientes. Por possuir uma cobertura de aproximadamente 40% na Estratégia de Saúde da Família (ESF), e com uma população exclusiva do SUS beirando os 50% do total, Siqueira diz que não se pode saber quem é paciente exclusivo do sistema público, o que dificulta, em alguns casos, a sua localização para contato, quando o assunto é agendamento de consultas ou exames. “A culpa, muitas vezes, não é só do paciente que faltou a consulta. Existem nesses 16,8%, muita gente que falta porque melhorou, demorou a consulta e ele foi no especialista ou porque realmente não foram localizados”, pontua.

Mudanças na regulação

Segundo Siqueira, para não perder o valor pago pelas consultas, deu-se início a um processo de mudança. Antes, os pacientes eram atendidos somente por especialistas da rede pública. Desde então, a pasta optou em agendar os atendimentos às clínicas conveniadas. “Se o médico que está em nossa rede própria não atender, ele recebe igual, pois ele vai estar lá na estrutura física esperando o paciente. Agora, se encaminhamos esse paciente a uma clínica particular, com credenciamento, ele só vai receber se a consulta for realizada”, explica. “Se nós conseguirmos melhorar a regulação, diminuiremos naturalmente, esse índice de falta que a gente tem. Se nós resolvermos o nosso problema, é mais fácil de solucionar o do cidadão”, garante.

Com isso, Siqueira garante que há um empenho de todos os envolvidos. “Se encaminhamos o paciente da atenção básica para a regulação e deste setor para um credenciado, a vantagem é que a empresa contratada também vai entrar em contato com esse usuário. A clínica se esforça para que o paciente não falta a consulta”, pontua.
Siqueira aponta ainda as alterações realizadas na secretaria para minimizar a faltas. “Melhoramos a nossa regulação. Há um médico que fica semanalmente analisando cada caso, se todos os exames necessários foram realizados. Se está tudo correto, o paciente é encaminhado ao especialista. Caso contrário, ele volta ao clínico geral para regularizar a situação”, observa.

Conscientização da população

Para o secretário, o problema não está voltado apenas a falta de conscientização do paciente, mas na sociedade como um todo. “O SUS é pago. Não é de graça. Se o paciente está faltando, o erro não é da população, mas de toda a sociedade. Todo mundo está falhando neste processo”, explica.
O responsável pela pasta afirma que falta o pensamento coletivo na sociedade. “A consulta que deixou de ser realizada poderia ter sido disponibilizada a alguém que estaria precisando não está sendo atendido. Esse é o grande problema. E isso vira motivo de críticas à secretaria”, observa.