As vinícolas já começaram a receber a produção de uva dos agricultores da região. E, se por um lado chegou um dos períodos que mais atraem turistas, por outro preocupa entidades ligadas à agricultura. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Inês Fagherazzi Bianchetti, explica que o preço do quilo da uva determinado em R$0,78 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é abaixo do esperado. A presidente comenta que o custo de produção estimado pelo Sindicato é de R$0,85 e para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de R$0,83. “Mas nada impede que as empresas paguem um valor maior”, esclarece. Ela explica que o preço mínimo é lei. “A empresa ou cooperativa que descumprir o valor mínimo terá dificuldades para conseguir financiamentos e participar de leilões”, exemplifica.

O presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider, considera o preço determinado pelo Governo Federal muito abaixo do esperado. “O custo de produção deste ano foi bem maior do que foi tabelado. O excesso de chuva obrigou muitos produtores a aplicarem mais tratamento fitossanitário e mesmo assim a perda será grande”, avalia. Ele lembra que devido da alta do dólar fez fungicidas que ter aumento de 100%. “Um absurdo o preço mínimo da uva ser tão baixo”, destaca. Para ele, fatores como acidez, cor e sanidade também devem ser levados em conta na hora que a fruta chega na vinícola.

Para Schneider a qualidade da uva deve ser normal, mas é cedo para afirmar algo, pois ainda existe previsão de chuvas para os próximos meses. “Pode haver dificuldade para alguns produtores honrarem com os compromissos financeiros, pois o prejuízo é grande”, aponta. Para o presidente, a safra deste ano vai ser a menor do que em muitos anos. 

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