Sete meses depois da saída dos médicos cubanos que faziam parte do Programa Mais Médicos do Governo Federal, algumas cidades ainda não tiveram os profissionais substituídos e continuam sentindo os impactos gerados na área da saúde.

No Rio Grande do Sul, dados do Ministério da Saúde informam que quase 30% dos municípios continuam com as vagas em aberto. Na Serra Gaúcha, a solução provisória que as prefeituras de algumas cidades adotaram foi realizar a contratação de médicos de forma emergencial para dar conta temporariamente da demanda dos atendimentos.

Monte Belo do Sul

A médica cubana que trabalhava na Unidade Básica de Saúde (UBS) do município teve a substituição feita de imediato, entretanto, desde fevereiro desse ano, quando o médico substituto mudou-se para Brasília, para fazer residência, a cidade está sem um novo profissional. “A situação está paralisada. Agora abrimos licitação com contrato de seis meses para suprir essa vaga. Vamos contratar e pagar do bolso, com recurso próprio, porque não dá para ficar sem”, relata a Secretária de Saúde de Monte Belo do Sul, Ana Maria Somensi Bruschi.

Ana adverte que assim que o Ministério da Saúde (MS) disponibilizar o médico oriundo do programa, o município vai abrir mão da licitação, considerando o alto custo que vai gerar para os cofres da cidade: R$19 mil por mês. “Temos uma economia de R$8 mil reais com um médico do programa Mais Médicos”, conta.

Enquanto não há um novo médico por meio de licitação e nem pelo governo federal, a comunidade de Monte Belo do Sul conta com o serviço de apenas uma profissional. “É preocupante essa situação. A gente fica de mãos e pés atados. Temos uma doutora que é muito bacana. Ela não tem hora para almoçar, para sair no final do dia e é muito dedicada, só por isso estamos conseguindo dar conta do recado”, assume Ana.

Carlos Barbosa

A situação não é muito diferente dos demais municípios. De acordo com a Secretária de Saúde, Letícia Lusani, a cidade contava com dois médicos cubanos, que foram repostos pelo Ministério da Saúde cerca de três meses depois, porém, um dos médicos substitutos está afastado do trabalho o devido a atribulações relacionadas ao álcool. “Hoje temos no município duas vagas, sendo que apenas uma está ocupada. A vaga que atualmente está aberta era de um médico que nós solicitamos o desligamento porque estávamos tendo muitos problemas relacionados aos atendimentos, era um profissional que tinha problemas com alcoolismo. Geramos até uma sindicância no Ministério da Saúde e acredito que estão investigando. Mas o MS não repôs esse profissional, eles dizem que enquanto não concluírem o processo investigatório não podem repor e continuam pagando aquele médico que atendia de forma inadequada a nossa população” lamenta Letícia.

Há quatro meses nessa situação, Letícia conta que o MS não deu nenhuma previsão para resolver. Da mesma forma, a solução que o município encontrou foi contratar um médico temporário “O MS na morosidade que está continuam pagando o médico para provavelmente ficar em casa, para não atender a população. O município, para evitar prejuízos nos atendimentos, contratou um profissional de forma emergencial e está pagando com recursos próprios”, relata.

Pinto Bandeira

O município que contava com dois profissionais cubanos, hoje, aguarda mais agilidade do Governo Federal para a vinda de um médico do programa. “A gente fez o recadastro no site do Ministério da Saúde para aderir de novo ao programa Mais Médicos, mas o ainda não nos deram o médico. O último edital que saiu foi para os municípios em situação precária e aí Pinto Bandeira não foi contemplada”, explica a Secretária de Saúde, Janaina Arpini.

Janaina afirma que já foi feito contato com políticos de Brasília, mas que não há previsão para lançamento de um próximo edital. “Estamos bem apreensivos com essa situação e na expectativa para que o Governo nos auxilie. Temos muita necessidade de atender a população e que a gente consiga o médico do programa”, afirma.

Bento Gonçalves

O Secretário de Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira, relata que com a saída dos cubanos que atuavam na cidade, o município contratou outros profissionais para substituí-los, entretanto, a cidade está fora do programa após mudanças nas normas. “Antigamente qualquer município podia se cadastrar. Agora eles começaram a criar algumas normas e a gente não consegue se encaixar no protocolo”, esclarece.

Programa deve ser substituído

O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deve apresentar aos parlamentares nos próximos dias uma nova proposta de programa, que deve substituir, aos poucos, o programa Mais Médicos.

Com a mudança, o Rio Grande do Sul terá apenas 634 vagas, das atuais 1.318. A previsão é do secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, Erno Harzheim.

O novo programa terá critérios diferentes para a definição de quais municípios poderão integra-lo. A intenção é que sejam contempladas cidades de pequeno porte e afastadas dos grandes centros.