O envelhecimento é um processo normal de mudanças relacionadas ao tempo. Há muitas formas de envelhecer; algumas exigem mais cuidados e responsabilidades. No entanto, ter uma vida saudável e feliz na terceira idade é mais fácil nos dias de hoje. Do ponto de vista da família, cuidar de seus anciões nem sempre é algo possível de ser realizado adequadamente em casa. Por esses e outros motivos, uma alternativa são casas de repouso que prezem pela qualidade e segurança. Mas como escolher a melhor para o familiar querido? Para esclarecer as principais dúvidas relacionadas ao tema, o Semanário entrevistou o geriatra André Moschetta, proprietário da Aconchego Casa de Repouso, que chama a atenção para os pontos a serem observados na hora da escolha de um lugar e os cuidados específicos destinados aos idosos no dia a dia.

De acordo com Moschetta, são muitos os fatores que motivam a família a necessitar de uma instituição de longa permanência para o idoso. Precisar de cuidados especiais e contenção de gastos estão entre os principais deles. No entanto, a decisão nem sempre parte dos filhos, já que há um grande número de idosos que buscam se sentir independentes e optam por um lugar que possa oferecer toda assistência possível. “Muitos idosos estão sozinhos em casa hoje e passarão o dia inteiro assim, sem qualquer convivência ou estímulo. A casa de repouso pode ser uma opção para melhorar a sua qualidade de vida, oferecendo dignidade e possibilidade de integração entre outras coisas”, explica.

Além disso, uma boa instituição garante tranquilidade para a família e a independência do idoso. “Precisamos quebrar o estigma de asilo, cuja fama se deve aos locais que não observam os preceitos do cuidado da pessoa idosa. Pode ocorrer da assistência prestada ao idoso em casa ser insuficiente, pois muitos ficam mais vulneráveis a acidentes, quedas e fraturas, e problemas com medicações. Muitas pessoas acham que deixar o familiar na cama sem cuidados específicos é cuidar bem, mas a ausência de uma abordagem adequada podem agravar o quadro e novos problemas podem se desenvolver”, afirma Moschetta.

Equipe qualificada, conforto e segurança devem estar entre os pilares que determinam a escolha de uma instituição. “Observar atentamente todos esses itens faz com que a estadia seja mais tranquila para o morador e sua família”, complementa. Os idosos precisam de adaptações em praticamente todos os elementos do dia a dia, quarto, sala, banheiro, cozinha, isso deve ser sempre observado na sua moradia. “Nós envelhecemos mas nossa casa não se adapta às nossas mudanças, ela continua a mesma. É muito comum em residências da nossa região o acesso apenas por escadas. Com o tempo isso dificulta muito a vida para o idoso. Com rampas, elevador e banheiros totalmente adaptados busca-se melhorar esta situação”, afirma. Moschetta acrescenta ainda outros pontos que julga importantes. “Idealmente a casa de repouso deve ser localizada em local tranquilo e perto da cidade, para que as visitas e os passeios sejam mais fáceis e cômodos. Deve existir aquecimento dos ambientes sem queima de oxigênio, como ocorre com os termoventiladores por exemplo, para evitar danos à saúde; e a regularização junto à Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros é fundamental”, complementa.

Integração e potencialidades

Quando o idoso passa a morar em um novo lugar não é bom que haja a perda de suas individualidades, o que pode contribuir para a diminuição da auto-estima e depressão. Por isso, na hora de escolher uma casa de repouso é importante averiguar se há condições reais de se dar uma vida de qualidade ao idoso, se podem ser estimuladas suas potencialidades. “A depressão é extremamente comum e pode ser melhor trabalhada. É importante se aplicar uma customização para ver que tipos de atividades a pessoa gostava de realizar, e tentar aplicá-las dentro do novo ambiente”, aconselha o especialista.

De acordo com Moschetta, outro diferencial está na terapia ocupacional, que através de oficinas direcionadas, procura propiciar a elaboração de sentimentos, modos de pensar e se relacionar desses idosos, além de melhorar a auto-estima. “O importante é que antes de tomar uma decisão tão importante sejam levados em conta todos estes aspectos, porque nossos idosos merecem toda gratidão, carinho e cuidado.”

Palavra do profissional

Dizer que um idoso precisa apenas de atenção e carinho é preconceito. Ele é um ser humano completo, e como tal é merecedor de tudo que um ser humano completo merece, como respeito real, cuidado técnico adequado e condições dignas de moradia. A base para cuidar bem é simples: tratar como gostaria de ser tratado, André Moschetta.

 
Josiane Ribeiro
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