Lançado há quase dois anos em Bento Gonçalves, um recurso de tecnologia auxilia o combate ao crime e o trabalho da Brigada Militar na região. Por meio de um número do aplicativo de mensagens Whatsapp, o 3º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPAT) recebe denúncias da comunidade, em diversos segmentos de atuação das autoridades de combate ao crime, todas elas de forma anônima, garantindo o sigilo da fonte.
De acordo com o capitão Diego Caetano de Souza, do 3º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas, a velocidade da circulação da informação por meio das redes sociais faz com que as autoridades também contem com uma ferramenta para receber as denúncias. “Fizemos várias ações que partiram do recebimento de informações nesse canal. Então, o balanço no ano é positivo”, frisa.
Entre as denúncias que podem ser feitas pelo canal, estão pontos de tráfico, veículos furtados ou roubados, informações de indivíduos foragidos e imagens de criminosos. “Todos esses dados podem ser repassados, que daremos o encaminhamento necessário com os órgãos competentes”, garante.
O capitão ressalta, ainda, a garantia do sigilo para quem efetua a denúncia. “Esse dado não é processado nem dentro do batalhão. Fica no setor responsável e as ações efetuadas levam em consideração apenas a informação”, destaca.
No entanto, ainda é preciso observar que emergências devem ser comunicadas para a Brigada Militar (BM) por meio do 190, canal tradicional da polícia. Isso porque não há um servidor que permaneça 24h conectado no WhatsApp, diferente dos outros meios. “Não é o intuito receber esse tipo de informação via aplicativo. A ferramenta é para informações que levem a prevenir ações ou realizar operações”, alerta.
Entre as dificuldades encontradas pela BM na utilização da ferramenta, estão o uso do canal para desviar o foco da ação, por meio de informações equivocadas. No entanto, de Souza destaca que isso não é exclusividade da ferramenta online, já que os serviços tradicionais da polícia sofrem com isso, como os trotes passados ao 190, por exemplo. “Além disso, as pessoas têm certo receio. Mas podem ficar tranquilas e ter confiança, especialmente pelo anonimato”, explica.
De acordo com ele, é fundamental a participação da comunidade para auxiliar a Brigada Militar nesse trabalho. “Quem denuncia não está apenas nos ajudando, está atuando pela sociedade. E assim todo mundo ganha”, afirma.

Tecnologia também atrapalha

No entanto, nem toda a tecnologia vem para auxiliar o trabalho. A forma de uso das ferramentas pode ser prejudicial à atuação e até mesmo nociva à sociedade. Entre elas, estão os grupos do mesmo aplicativo, utilizado muitas vezes para passar informações sobre blitze e atuações de combate ao crime feito pela polícia.
Segundo o capitão do 3º BPAT, a comunidade não entende a barreira policial como um instrumento de segurança, vendo apenas a questão do trânsito e das bebidas alcoólicas, julgando não ser tão importantes. “No entanto, as leis estão aí para serem cumpridas, independente de qualquer coisa”, enfatiza.
De acordo com ele, a divulgação dos locais de barreiras pode contribuir para que as autoridades deixem de realizar prisões e apreensões envolvendo diversos crimes, desde receptação até tráfico de drogas. “Muitas vezes, os criminosos estão nesses grupos e, ao receber a informação, evitam determinado trecho. Isso atrapalha a ação policial e prejudica a sociedade”, finaliza.