As taxas nacionais e estaduais, porém, estão bem abaixo da expectativa

O papilomavirus humano (HPV) é a causa de quase 100% dos casos de câncer de colo do útero, o terceiro que mais mata mulheres por ano no Brasil, ademais de ser o principal ocasionador de cânceres de vagina, vulva, entre outros. Somente essas informações deveriam ser suficientes para alarmar a população, mas não são.

Apesar de a vacina estar disponível gratuitamente, a adesão é muito inferior ao que se é esperado: apenas 47% das meninas, e 26% dos meninos buscaram a vacina, no Brasil. Em Bento Gonçalves, no entanto, os números são bem mais positivos, embora ainda não atinjam totalmente o objetivo do governo federal (80%). De acordo com o secretário da Saúde, Marlon Pompermayer, praticamente 70% dos jovens já estão imunizados na cidade.

 

Segunda dose

A imunização só garante eficiência com a aplicação da segunda dose, que deve ser feita seis meses depois da primeira. O longo prazo faz com que muitos se esqueçam de retornar ao posto. Por isso, o governo federal trabalhou durante todo o mês de setembro com propagandas alertando a necessidade de complementar o esquema. Quem não tomou nenhuma dose, no entanto, pode fazer a primeira e agendar a

segunda para o próximo ano.

 

No município, 3926 meninas e 1688 meninos já tomaram as duas doses. A alta taxa de imunização apresentada pela cidade, quando comparada com os níveis estaduais e municipais, se dá pela política aplicada nas instituições de ensino, como explica Pompermayer. “Na hora da matrícula, na rede municipal, as escolas pedem a comprovação da vacina. Aos alunos que não estão imunizados é recomendado regulamentar a situação. Agora, em novembro, com a aplicação da segunda dose, o número de crianças vacinadas deve se aproximar dos 80%”.

 

 

A procura em clínicas particulares

Apesar de ser disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas entre 9 e 14 anos, e para meninos entre 11 a 14 anos, a vacinação contra o HPV também é oferecida para jovens e adultos em redes privadas. Segundo a gerente da clínica Vaccinare, Mirian Tecchio, a procura é bastante baixa. Ela conta que desde o começo do ano, apenas 184 doses foram aplicadas. “O tabu e o desconhecimento são grandes problemas. Muitas vezes, quando a gente oferece a vacina para os adolescentes, as mães pensam que estamos incentivando o sexo, e ignoram a doença”, explica.