“É bom e agradável a cada um de nós retornar, às vezes, ao passado, por confortar os fatos ou acontecimentos, ocorridos naquela época, com a realidade atual.”

De 1924 a 1928, quando era Prefeito do município de Bento Gonçalves, o Dr. João Batista Pianca, a quem o município teve uma de suas melhores administrações, em todos os setores de serviços públicos, aproximando o interior da cidade, através de retificações e construções de excelente rodovias, e realização de obras de remodelação total do centro urbano – os pequenos e dispersos conjuntos musicais existentes nos núcleos coloniais, foram, sob seu governo, congregados e aparelhados, para serem constituídos em uma banda que seria oficializada pelo poder público.

Uma ou dias vezes, por mês até 1932, a Banda apresentava-se, devidamente uniformizada, aos sábados, domingos ou feriados nas praças e ruas de nossa cidade para audições públicas, executando, com louvável segurança, marchas dobradas e até invadindo com sucesso trechos de composições líricas.

O conjunto constituía -se de amadores do Distrito de Faria Lemos, denominada “Banda de música Carlos Gomes” e possuía estatutos próprios- O professor era Alfredo Frítoli.

Além da Banda Carlos Gomes, o professor Alfredo Frítoli, organizou, em idênticos padrões, conjuntos musicais nos distritos de Pinto Bandeira, Santa Teresa e Monte Belo, os quais organizados em sociedade regular, com estatutos próprios.

De longo alcance, o apoio e estímulo dispensado pelo operoso e dinâmico prefeito João Batista Piança a tal veiculo do aprimoramento cultural do bento- gonçalvense. Este município através da BANDA CARLOS GOMES, projetou-se com muita distinção, nos festejos comemorativos do CENTENÁRIO FARROUPILHA, em setembro de 1935, celebrado na capital do estado.

Naquela memorável solenidade de abertura, participavam cerca de quarenta bandas, procedentes do interior do estado. Ao, final da execução de uma peça marcial, cumprindo roteiro pré-determinado pela comissão organizadora dos festejos, o Diretor da Banda Municipal de Porto Alegre, não ocultando a sua surpresa pela excelente interpretação dos nossos representantes, dirigiu-se ao maestro Frítoli, para cumprimenta-lo pelo sucesso de “sua escola”, e Frítoli esclarece logo: Escola!!! Vou lhe mostrar a minha escola.

E …chamando um a um, os vinte e seis do conjunto mostrou a seu interlocutor as mãos nudes, rachados e calejados dos “seus alunos”, todos homens de duro ininterruptos labor cotidiano, que começa ao raiar da aurora para terminar com as primeiras sombras da noite.

Assim como eram dedicados a arte pela música, sabiam fazer com tanta dedicação o seu modo de viver…
ANTES, desta Banda, existia a Municipal coordenada pelo saudoso NOÉ PONTICELLI. Assumiu a Direção da Banda justamente com o seu irmão Hiberaldo e seu cunhado Constantino, uma espécie de ambulantes, percorrendo diversas cidades.

As viagens eram feitas a cavalo, e acompanhadas sempre pela boa música da nossa terra. Nas localidades que visitavam, formavam Bandas Municipais, difundido o gosto pela música e criando em toda esta região núcleos de grande importância na formação do Patrimônio Cultural das comunidades.

Sem dúvida, o maestro NOÉ PONTECELLI foi um dos precursores da música em nossa região, ele nos deixou uma celebre frase:

“A MÚSICA FOI SEMPRE MINHA RAZÃO DE VIVER…”