Como tudo que é novo, o Big Brother emplacou.

Na realidade, o Brasil copiou dos Estados Unidos que se baseou numa série holandesa que se inspirou no livro de um escritor britânico, publicado em 1950. No romance, o título significa “Grande Irmão”, uma espécie de olheiro onisciente e onipresente que controla até os pensamentos de uma sociedade dominada pelo estado e que vive no limite, sem contestar os absurdos do poder. Mas sua origem literária não lhe franqueou valores. O programa é medíocre, vulgar e chato, com muitas safadezas ao vivo.

Tudo bem nas primeiras vezes, quando quase uma nação inteira se postou à frente da tela da TV para ver o que se passava atrás dela. Justifica-se o voyeurismo que a intimidade dos Brothers despertou. É compreensível que se tenha perdido tempo na discussão de inutilidades, e dinheiro, em ligações para detonar os mais tediosos nos paredões. Lembro, inclusive, de intelectuais polemizando para traçar o perfil psicológico dos membros da casa enquanto eles – os membros – já “traçavam” o perfil físico… Mas continuar dando audiência, depois de dezessete anos, a um programa que não informa, não instiga, não estimula o esporte, ou a música, ou a criatividade, ou a ética…, que objetiva apenas faturar, caramba, não é uma santa ingenuidade?

Era de se esperar que os realities shows morressem à míngua como tudo que é supérfluo, que não tem conteúdo, mas o BBB ficou. A Rede Globo – que não é boba – e seus patrocinadores descobriram uma mina de ouro. Dinheiro fácil e de montão para empurrar besteirol goela abaixo no povão.

Agora, estamos às vésperas do Big Brother 19, que promete sacudir a rotina de milhões de torcedores. O jogo não se passa no campo, mas os atletas acampam, não tem bola, mas formas esféricas desafiam os pernas-de-pau que driblam, cabeceiam, mandam para escanteio, batem na trave e fazem gols. Um deslumbre! E as torcidas organizadas assistem a tudo com lentes de aumento.

O melhor são as falas “espontâneas”, os diálogos “inteligentes”, as conversas “profundas”, as intervenções “criativas” do apresentador, agora sem poemas, que isso era coisa do Pedrão.

Quando você estiver lendo esta crônica, os “heróis e heroínas” – assim denominados pelo apresentador de dezesseis “inesquecíveis” temporadas – já iniciaram o árduo trabalho de exibirem seus músculos, peitos e bundas diante das câmeras e talvez já estejam ensaiando a dança do acasalamento, ou arquitetando estratégias para ganhar o público. Ou já se submetendo a tarefas “enriquecedoras” para garantir a permanência na “Casa Mais Vigiada do Brasil”.

“Parabéns”, Brasil!