Recentemente descobri que, além das tulipas, rainhas da primavera holandesa, narcisos e jacintos florescem nos campos e parques daquele país, especialmente na capital Amsterdã. Não sei se essas plantas vingam por aqui. Os raros narcisos e jacintos que conheci, têm pernas no lugar de raízes.

Holanda é fascinante e singular, pelas imensas searas de flores, pela geografia insólita da capital, com muitas ruas líquidas que, no inverno, se transformam em pista de patinação; pela arquitetura de tirar o fôlego, pelos museus, pelas ciclovias e pontes; por sua cultura e costumes liberais, igualitários e tolerantes.

Conhecer a Holanda é um sonho recente que cultivo com algumas histórias ouvidas aqui e ali… Uma delas aconteceu há dois anos e foi vivenciada por jovem casal que curte aventuras, especialmente sobre duas rodas.

Os dois estavam em Amsterdã, onde percorreram as ruelas de bicicleta e navegaram pelos canais de barco, admirando as explosões primaveris com sua vasta paleta de cores. Visitaram museus – Rembrandt, Van Gogh, Museu do Sexo e o Marihuana, dedicado à cultura da cannabis, mas foi a vida noturna, cheia de surpresas e peculiaridades, que lhes proporcionou a experiência mais insólita, que passo a relatar…

Era uma noite inspiradora, com a lua cheia no céu, e a luz vermelha na Terra, mais precisamente no Red Light Disctrict, em pleno coração da cidade de Amsterdã. Nas vitrines, luz neon torneava garotas bonitas e sensuais que ofereciam seus serviços aos turistas e que, naturalmente, nem foram cogitados pelo nosso personagem – ele tinha amor à vida. Mesmo assim, a companheira puxou-o para dentro de um Coffeee Shop. No cardápio recebido, grande variedade de produtos, todos à base de… café? Nem pensar! Ficaram em dúvida… Mais de doze horas de voo para chegar até a Holanda e sair sem experimentar a especialidade do lugar? Apontaram a um item, que lhes foi entregue num embrulho decorado.

Mais tarde, sentaram-se na praça em frente. Entre curiosos e excitados, acenderam o enroladinho de erva, sob o olhar discreto de policiais que faziam a ronda. Deram apenas uma tragada, mas o efeito foi instantâneo. Passaram a rir adoidado, servindo de atração ao público que os cercava.

Às duas da tarde do dia seguinte, acordaram na cama do hotel, com a cabeça pesando uma tonelada e sem se lembrarem de como haviam chegado até lá…