No município, órgãos representativos estudam reestruturação e redução de custos sem prejudicar trabalhadores

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que a arrecadação dos sindicatos despencou 88% após a entrada em vigor da reforma trabalhista, há seis meses. Em Bento Gonçalves, o cenário não é diferente. No município, sindicatos de trabalhadores falam em estratégias para reduzir custos sem diminuir a oferta de benefícios e a defesa dos direitos dos trabalhadores.
Em números, os dados do MTE representam cerca de R$ 102 bilhões. A queda é puxada pela extinção da contribuição obrigatória, que com a reforma se tornou voluntária. Outro fator atribuído pelo órgão é o aumento no desemprego, que resulta em menos pessoas se filiando e contribuindo com as entidades representativas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom-BG), Ivo Valiatti, a entidade vinha se preparando para isso há muito tempo, desde que a possibilidade de Reforma Trabalhista se tornou concreta.”Como todos os sindicatos, estamos passando por uma reformulação, porque estamos tendo problemas com a questão financeira”, salienta.
Embora com dificuldades, Valiatti aponta que o órgão segue na luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores. “Não importa o que venha, sempre estaremos em defesa da classe. Não vamos abrir mão disso”, argumenta. O presidente também avalia que a reforma tem prejudicado as negociações coletivas e que a nova legislação só beneficia o capital.

Benefícios cortados

No Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (Stimme), a situação é parecida. O presidente Élvio de Lima relata que a entidade chegou a cobrar uma taxa pelos serviços médicos, mas que o imposto foi retirado em pouco tempo. “Se nós voltássemos a cobrar, o associado ia se retirar”, justifica.
Lima observa que, por isso, o Stimme está passando por uma reformulação. “Estamos tentando manter, vamos nos adequar. Mas já estamos enxugando desde 2017, neste ano aqui vai ser mais ainda. Nós tínhamos um centro profissionalizante que foi suspenso por período indeterminado, até tudo se adequar”, prevê. Ele avalia que o Sindicato possui uma esterutura muito grande.
Além do impacto econômico, o presidente afirma que a reforma tem feito com que os trabalhadores fiquem receosos em buscar seus direitos, uma vez que, se perderem, terão que pagar as custas do processo. “Tem muitos pontos inconstitucionais, o trabalhador está acoado”, relata.
O presidente entende que ainda existem muitas dúvidas sobre a atualização da lei por parte dos trabalhadores e do Judiciário. O Semanário também buscou contato com o Sindicato dos Empregados do Comércio (SEC-BG), mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.