Atividades da Adef visam oportunizar aos pacientes a busca pela inserção no mercado de trabalho e na sociedade

Por várias décadas, a deficiência física foi caracterizada pela proibição das pessoas em exercer uma função no mercado de trabalho, limitar-se apenas a buscar auxílio médico e, em muitos casos, no isolamento, como se fossem seres impossibilitados de conviver diariamente com outras pessoas, impedidos de estarem inseridos na sociedade, resultando além do problema físico, situações como a depressão. Para reverter essa situação, atividades que visam oportunizar e valorizar as aptidões de cada um, mesmo com suas limitações, transformam, diariamente, a vida daqueles que procuram apoio na Associação de Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (Adef-BG). Desde 2014, a entidade proporciona o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos(as) e suas Famílias, na área da Assistência Social, que fortalecem a autoestima e mostram que barreiras, antes consideradas impossíveis em ultrapassar, hoje são obstáculos vencidos.

No dia a dia, a vida pode ser um desafio para quem está impossibilitado de andar, enxergar e tantas outras limitações físicas. É preciso aprender, ou, em outros casos, por percalços da vida, reaprender a fazer muitas tarefas. Este é o objetivo do projeto “Vencendo barreiras”, serviço de proteção social que visa oferecer a pacientes e familiares oportunidades para melhorar a qualidade de vida.

Expectativa da entidade é aumentar o número de atendimentos. Foto: Ranieri Moriggi

Criada há quatro anos, a atividade propõe a fazer com que os pacientes descubram suas habilidades, mesmo com as limitações impostas pela deficiência, além do acompanhamento familiar com a presença de assistente social e psicólogo. “São criados grupos que ajudam a descobrir suas habilidades e potencialidades, como é o caso da musicalização, do grupo de adolescentes que busca trabalhar questões referentes à faixa etária, bem como, o atendimento psicossocial para os familiares, a fim de fortalecer o entendimento de como viver a partir das situações do cotidiano”, explica a assistente social Amanda Lilian Sauthier Zwirtes.

Mas o trabalho não se limita apenas ao atendimento momentâneo. Quando pacientes e familiares buscam a Adef, em virtude de problemas que não têm hora para acontecer, a equipe entra em ação. De acordo com a psicóloga, Francine Omizzolo, há um trabalho de acolhimento e escuta. “Possuímos um vínculo muito forte com a saúde, em virtude dos atendimentos que são realizados por aqui, porém, é necessário colocar-se à escuta dessas pessoas, ouvi-las e entender quais são as necessidades que elas estão passando naquele momento e, assim, encaminhá-las para os serviços adequados”, afirma.

Ainda, segundo Amanda, a participação dos grupos e serviços ofertados no projeto é de livre e espontânea iniciativa dos pacientes. “Após conhecer a realidade de cada um, colocamos à disposição das pessoas, além dos procedimentos de saúde, as atividades paralelas que são realizadas aqui. Se elas aceitarem, prosseguimos realizando também o acompanhamento de cada uma delas”, pontua. Além disso, há uma interligação em toda a rede de serviços no município, que não se limita apenas em saber como está a vida do paciente na instituição. “É um trabalho que liga diversas áreas, desde a saúde, passando pela rede de educação, assistência social”, aponta.

Conforme a psicóloga Francine, após a iniciação nestes serviços, é nítido ver a mudança de comportamento de alguns pacientes, a melhoria na qualidade de vida e a independência em algumas atividades que antes eram restritas por medo ou receio. “O Vencendo Barreiras oferece um olhar a essas pessoas, porque sabemos que a deficiência não deveria ser limitadora, mas percebemos que há muitas barreiras, desde as arquitetônicas, as atitudes, em como a sociedade olha para as pessoas com deficiência”, enfatiza. “Trabalhamos para fortalecer os usuários e suas famílias, que se sintam pertencentes à sociedade e que tenham consciência dos seus direitos, além de trabalhar a questão da independência, buscando mais autonomia e, consequentemente, diminuir a sobrecarga familiar”, afirma Amanda.

Aporte financeiro

Através de um convênio com a Prefeitura, assinado em janeiro, o projeto vai ganhar um apoio para ampliar as atividades. De fevereiro a outubro, o município irá repassar R$ 17 mil, para que novos grupos sejam formados, entre eles, os voltados à cuidadores e familiares, a fim de proporcionar melhores condições no acompanhamento dos pacientes. “Busca-se abranger, no projeto, em torno de 25 pessoas. Muitas vezes essas pessoas sofrem pela situação que seu familiar vive pelo isolamento e este grupo tem o objetivo de trabalhar essas situações com os familiares e cuidadores, a fim de diminuir a sobrecarga existente nas situações do dia a dia”, explica Amanda.

Importância dos trabalhos

Conforme a presidente da Adef, Gislaine Pelizzari, tudo o que acontece com os pacientes e familiares dentro dos projetos é considerado uma evolução, pois, segundo ela, mesmo inseridos nas atividades, continuamente, eles desenvolvem novas aptidões e descobrem outras possibilidades. “Todos os projetos, diariamente, estão capturando atitudes, pequenos detalhes. Eu fui atendida pela Adef quando criança e sou prova viva de que evoluí. Foi dentro desses projetos que eu entendi que eu sou sociedade, que eu não pago somente meus impostos. Eu faço parte dela”, enfatiza.

De acordo com Gislaine, a Adef busca interligar todos os projetos criados, para que os envolvidos estejam encorajados a seguir com seus desafios e anseios. “A deficiência não pode ser uma limitadora para acessar serviços e espaços e o projeto quer mostrar isso para os pacientes e familiares que buscam na Adef um apoio”, salienta.

Novo grupo deve oferecer acesso à informação

Foto: reprodução

O novo grupo a ser realizado terá como objetivo promover o acesso e a socialização das informações referentes aos direitos socioassistenciais da pessoa com deficiência, por meio de espaços de convívio social, contribuindo para o processo de autonomia das famílias bem como de seus projetos de vida pessoal e/ou familiar.

Em 2017, serviços e atendimentos chegaram a de sete mil

Buscando complementar o serviço que já vem sendo realizado pela Entidade, o projeto será desenvolvido de forma a qualificar as atividades já existentes e ampliar os atendimentos individuais e em grupo junto aos usuários.
Também são realizadas atividades em grupos e oficinas sendo elas:

Grupo de adolescentes

Foto: reprodução

Quer proporcionar aos adolescentes um espaço para problematizarão de seus conflitos, esclarecimento de dúvidas e assuntos pertinentes a sua faixa etária, além de ampliar a rede de relações dos usuários atendidos, este grupo trata da formação de vínculos entre os adolescentes usuários da ADEF, com inclusão de outros adolescentes da comunidade.

Oficinas de musicalização

Foto: reprodução

Criação de espaço de convivência e interação onde possa ser desenvolvido o protagonismo e a autonomia dos usuários deste serviço. As intervenções realizadas buscam possibilitar ao público alvo a ampliação de suas habilidades e potencialidades por meio de experiências culturais, lúdicas e expressivas que contribuam para a socialização propiciando a formação de cidadãos mais autoconfiantes e autônomos.