“Um supercondutor é, sem dúvida, um dos materiais mais interessantes que se conhece”. Essa é a afirmação do professor Alexandre Mesquita, do curso de Engenharia Elétrica do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (Carvi), ao acompanhar o projeto do Laboratório de Supercondutividade na unidade universitária em Bento Gonçalves, que envolveu a participação de alunas do Colégio Regina Coeli, de Veranópolis.

Ele explica que um supercondutor, em tese, “não possui resistência elétrica, sendo capaz de manter uma corrente elétrica dentro dele por tempo indeterminado. E quando colocado sobre imãs é capaz de levitar e deslizar por eles como um trem sem rodas. Pode ser utilizado em inúmeras aplicações tecnológicas de nossa sociedade, como na transmissão de energia elétrica, computação e transportes. O único problema de sua difusão é o fato de só apresentar suas propriedades a uma temperatura média de duzentos graus Celsius negativos, sendo necessário seu resfriamento por hélio líquido ou nitrogênio líquido. Conseguir encontrar um supercondutor que preserve suas propriedades na temperatura ambiente é um dos grandes desafios da ciência atual”.

Foi pensando nisso que professores do curso de Engenharia Eletrônica da UCS propuseram ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela chamada pública “Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação”, o projeto Laboratório de Supercondutividade, cujo principal objetivo é utilizar o poder de encantamento dos supercondutores para incentivar meninas do Ensino Médio a se interessarem por uma carreira em engenharia ou ciências básicas. O CNPq reconheceu o mérito da proposta, fornecendo verba para a aquisição de equipamentos e insumos, além de bolsas de apoio à iniciação tecnológica para alunos do Ensino Médio e Superior.

Desta forma, em parceria com o Colégio Regina Coeli, de Veranópolis, foram selecionadas pelo professor de Física do Colégio, e também bolsista do projeto, Sandro Prass, sete meninas do segundo ano do Ensino Médio para participarem do projeto. Ao longo deste ano, além de conhecerem na prática os fenômenos da supercondutividade, as alunas ainda estudaram física quântica, a área utilizada para explicar esses fenômenos. “Ao final do projeto, as meninas trabalharam em uma pista circular formada por vários imãs, e puderam apreciar a levitação de um supercondutor, efeito que está na fronteira do nosso conhecimento científico. Quem sabe aí não surgem futuras engenheiras”, comemora Alexandre Mesquita.

Para 2015, com a estrutura montada com o apoio do CNPq, será possível ampliar as demonstrações do Laboratório de Supercondutividade para alunas e alunos das escolas de Ensino Fundamental e Médio da região.