Sob duas rodas, são eles que garantem a entrega rápida de muitos artigos. Nem mesmo o frio e a chuva são motivos para descanso. Para assegurar que o transporte seja feito com agilidade, os profissionais infringem regras de trânsito e andam em alta velocidade, colocando a própria vida em risco. No Dia do Motociclista, celebrado hoje, conversamos com motoboys e contamos um pouco de suas histórias.

Cláudio Penha, 43 anos, exerce a profissão há 17 anos. Apesar de já ter se acidentado seis vezes, não desistiu. Foram três graves, que incluíram a clavícula e um punho quebrado, e os outros com escoriações leves. Mas ser motoboy não foi sua primeira opção. Ele era borracheiro. A ideia de de ganhar a vida sob duas rodas só apareceu depois que seu irmã se acidentou. Aí surgiu a oportunidade de continuar o trabalho. Para ele, a maior dificuldade é o trânsito. “É bem complicado. Tem dias que a gente anda normal, mas tem vezes que precisa correr”, afirma. Sobre quando o tempo não está propício para trafegar de motocicleta, ele declara: “tem o sol e a chuva. Temos que trabalhar igual”.
Para formalizar a profissão, Penha se tornou Microempreendedor Individual (MEI). Dessa forma, consegue fazer contrato para entregas fixas e pagar INSS. Entretanto muitos lugares mantêm esses profissionais na informalidade. A exemplo disso, alguns dos trabalhos feitos por Penha são acordados verbalmente.

Foi assim que Lucas Pereira Godói, 21 anos, entrou na profissão. Ele conta que sempre foi apaixonado por motocicletas e aprendeu a pilotar quando nem alcançava os pés no chão enquanto estava em cima do veículo. Foi com 16 anos também que se tornou motoboy, mesmo sem ter idade necessária para dirigir. “Para mim, foi um serviço fácil de consegui. Como é terceirizado, é um trabalho mais descomplicado para arranjar”, ressalta. Hoje, Godói trabalha de forma regularizada para uma lancheria, onde tem a Carteira de Trabalho assinada.

A entrega dos lanches ocorre durante o meio-dia e à noite. Nos outros períodos do dia, ele transporta diversos artigos. Assim com Penha, Godói também já sofreu diversos acidentes, cinco que ele lembra. Em um deles, depois de bater a cabeça, perdeu a memória por dias. “Nessa profissão é difícil andar devagar, mas tu vais pegando o jeito. Hoje eu corro só quando precisa, senão eu ando de 60 a 80 quilômetros por hora dentro da cidade”, declara.

Em um mês, ele destaca que pilotou por 5,1 mil quilômetros. “Daria para ir duas vezes a São Paulo, ida e volta”, compara. Em 2018, foram mais de 50 mil quilômetros rodados por Godói a bordo de sua moto. Ele diz que não se vê sem o veículo, mas não pretende seguir na profissão para sempre. “O serviço eu gosto, mas o risco de vida é muito alto. Uma hora a gente precisa parar”, declara.

Foto: Elisa Rossi Kemmer