Em meio às divagações, me pego pensando em assuntos muito aleatórios e sou fascinada pelo comportamento humano. Não me formei em nada na área, nem fiz um curso específico, porém gosto de observar. Talvez me perca nos detalhes, nos quais outra pessoa pode ser melhor observadora do que eu. Me apego à situação como um todo e no sentimento. Quando há muita informação “colhida”, faço uma linha do tempo e tiro minhas próprias conclusões. Geralmente o sentimento é de tristeza, vendo tantas coisas que podiam ter evoluído, caminhando às avessas.

Meu domingo finalizou em pizza e cerveja com uma amiga, pensando no porquê as pessoas estão como estão. Não tem nenhum grande problema com a gente, fiquemos sossegados. Na verdade sou de uma geração que ainda se importa, que apesar de tudo sempre sobrevive, sempre sorri, sempre ajuda. E hoje, pensando em tudo isso, esbarro em pessoas um tanto frias, que só pensam no próprio umbigo. Essas pessoas também passaram por muitas dificuldades, mas levaram a ferro e fogo as aulas de auto estima.

Na minha linha do tempo, éramos muito mais solidários, e nem estou falando de programa de arrecadação. Solidários com as coisas, com os sentimentos, com o tempo. Claro que não podemos comparar aos dias de hoje, quando temos que trabalhar o triplo para comprar a mesma gasolina. Fomos percebendo que dentro do nosso círculo, sempre havia pessoas que queriam levar vantagem sobre nós. Isso nos frustrou tanto, que acabamos aderindo ao movimento: pense mais em si mesmo. Mais do que justo, pois somos realmente a pessoa mais importante da nossa vida e não conseguimos mudar ao nosso redor sem mudar a nós mesmos.

Porém, não somos bobos nem nada, aprendemos com muita eficiência. Diria que passamos do ponto. Hoje não há nada além do que o vasto universo do nosso próprio umbigo. A gente enriqueceu (eu não, é só um exemplo), comprou casa (idem item anterior), trocou de carro (preciso repetir?), casou – com a pessoa errada e ‘ninguém tem nada com a minha vida!’. Ok, entendemos (engolimos). Mas nesse caminho, o que fizemos com as pessoas ao nosso redor? Temos com quem contar? Fizemos muitas coisas sozinhos e só pensamos em usufruir sozinhos, não é? Só que a vida não é uma planície depois de uma subida.

Precisamos das pessoas. Não é para pedir dinheiro emprestado, um favor burocrático nessa densa nata social ou uma indicação de emprego. Acho que é mais respeito mesmo, sabe? Respeito por quem entra na sua vida e demonstra reciprocidade, por quem conta seus segredos e lhe mostra amizade, por quem precisa de uns minutos do seu tempo para só apreciar sua companhia. Um conselho, uma conversa, um “oi não quero mais falar com você” são muito bem vindos! As pessoas somem porque é muito menos doloroso (para elas, não é?) e estão convictas de que estão certas, porque estão pensando mais nelas. Então, com aquela pessoa que você conviveu pelos últimos meses, conversando quase todos os dias, é super aceitável, de repente, sumir? Então isso é bom para sua sanidade mental? Você está em uma fase difícil?

Pega a sua fase difícil e…guarda ela para você, desabafe com um amigo, peça ajuda. Não quer contato, não tenha. Não seja sociável. Você não pode usar alguém para andar seu caminho com você oferecendo só seu sonho para ela, não pode usar alguém para suprir a sua carência momentânea e depois largar porque não quer se apegar ou ter compromisso. Compra um boneco inflável e liga para rádio pedir uma música, pode resolver. Entre no chat do Terra.

O ser humano muitas vezes não me parece tão racional. Ao invés de pesar as situações, vamos logo assinando o contrato e azar das letras miúdas. Pessoas não são descartáveis, não vem com manual de instrução nem garantia. Nem por isso podemos ter e jogar fora quando bem entendermos. Se a ideia é ficarmos mais inteligentes com o tempo, saberemos quando não colocar o outro como prioridade, nem quando não tratá-lo como objeto.