Nada a ver com Tom Hanks e Michael Clarke Duncan, a dupla hollywoodiana que protagonizou o filme premiadíssimo. Até porque milagre por milagre, prefiro a história de dois pescadores, estrelada por F. Sanseverino e D. Favreto, aqui da serra mesmo.

Então os amigos e suas famílias elaboraram um pacote de férias de inverno, tendo como centro a praia de Itapema. Fora de temporada, daria para descansar, pescar, curtir a paisagem e fazer longas caminhadas. Bom, nada que não se pudesse fazer por aqui sem viajar tanto, mas vai entender…

Os homens, historicamente provedores, saíam logo de manhã para jogar as linhas no mar e voltavam ao meio-dia, carregando um apetite de cão. O almoço, obviamente, já na mesa. O resto do dia eles o reservavam à família.

Mas aí a dupla que não era sertaneja, começou a se entediar. Os caras já haviam se livrado das minhocas urbanas e estavam a fim de um pouco de adrenalina.

Certo dia, caminhando pela praia de Perequê, avistaram a ilha de Porto Belo, um lugar cheio de misticismo, muito visitado por turistas, mas sem serviços em baixa temporada. Sanseverino arregalou os olhos tomado por uma epifania. Favreto, desconfiado, não quis nem saber. Sanseverino insistiu: “Vamos lá?” Favreto desconversou: “Vamos pra casa!” Sanseverino desfiou um rosário de argumentos até que Favreto não aguentou mais: “Tá boooom, cara! Mas continuo achando que a gente vai entrar em canoa furada”.

E lá se foram os dois navegadores rumo à ilha, num barco inflável com motor de ½ HP, um par de remos e a caixa contendo itens para “necessidades emergenciais”. Com o motor fumando, tiveram que remar forte para chegar ao destino.

Já na ilha, Sanseverino saltou e começou a puxar o barco para terra firme, mas pelo cordão errado e… puf!!! Vocês já viram como faz o balão cheio quando a gente solta sem amarrar? Foi quase isso que aconteceu com a embarcação.

Favreto ficou possesso. Falando mais palavrão que o Aécio na gravação de Joesley, ele ordenou que o outro assoprasse até o bote inflar. Mas quê! Havia um rasgo na lateral, do tamanho de uma traíra.
Precisavam se acalmar. Felizmente haviam levado a caixa com o “kit dos primeiros socorros” – um copo, cachaça e coca-cola – e mandaram ver.

O tempo foi passando, a cuba-livre acabando e o medo se instalando. Nem uma viva alma a quilômetros… Até que, ao longe, na linha do horizonte, um pontinho mexeu com a imaginação dos dois, que começaram a gritar feito crianças: “É um pássaro?” “É um avião?”. Não! Era um super… Bateau Mouche.

Os náufragos arrancaram as próprias roupas e as sacudiam convulsivamente, à espera de um milagre. Que aconteceu. Foram vistos e em seguida resgatados.

Uma alegria só. Todos comemoraram, menos o filho do dono do iate, que repetia inconformado: “Um lance destes, e eu sem minha câmera digital!”
Ah, as mulheres? Bom, aí é outra história…