Os imigrantes, ao chegarem ao seu lote, dedicavam-se à abertura de clareiras nas matas e construíram abrigos provisórios de pau a pique, coberto de galhos de árvores. Era um momento difícil. O pinhão, a caça e a coleta ajudaram os colonos nos primeiros tempos. Algumas vezes, a venda de madeiras e, eventualmente, o trabalho assalariado, durante quinze dias por mês, na abertura de estradas e caminhos, financiaram os colonos até a primeira colheita.

As colônias eram divididas em léguas, travessões e lotes. A légua era um quadrilátero, cortado no sentido longitudinal, por caminhos estreitos e irregulares, de 6 a 13km abertos no meio da mata e formavam os travessões ou linha, conforme a situação geográfica. A medicação e a demarcação das Colônias e dos lotes coloniais eram feitos por engenheiros agrimensores. Em geral as léguas possuíam 132 lotes rurais.

Interessando ao governo Imperial o início da atividade agrícola e também para evitar a possibilidade de vazios e especulação, o colono, ao receber o lote, devia instalar-se imediatamente.

Estabelecia a lei que, dois anos depois da posse do lote, o colono que não houvesse estabelecido sua morada habitual, nem cultura efetiva (plantações), perderia o direito ao mesmo lote e este, após anúncios de costume, devia ser vendido em hasta pública, deduzindo-se os pagamentos feitos e os débitos provados.

A fiscalização feita, segundo depoimento de um colono: – “A casinha media 4×6 metros. Lá sozinho naquela miséria, passei longos anos. Cada três meses vinha o fiscal para ver se a terra estava trabalhada e se a casa estava habitada” – Barbosa – 1961 – pág 35.

Os imigrantes construíram suas próprias casas provisórias, nos relatos aparecem com frequência referências sobre a construção das moradias provisórias. Verificamos a preocupação fundamental em preparar um abrigo sem nenhuma espécie de norma ou pré-requisito, conforme disponibilidade de tempo, materiais do próprio ambiente e as características do local. (Boroni – 1980 – pág 51)

Para os primeiros dias, até poucos meses, suas casas eram: copas de árvores, saliências e escavações em barrancos, galhos e ramos entrelaçados grosseiramente, troncos ocos, lençóis armados como tendas. (Battistel e Costa – 1982 – pág 27).

Todo o benefício devia ser reembolsado ao governo. Isto é, o imigrante pagava tudo conforme registro.

Da conta corrente de um colono da Colônia Dona Isabel, extraímos os seguintes débitos:

Transporte para o casal e bagagem, 20$000; uma enxada, 2$800; 1 facão, 3$000; feijão, 2$000; batatas, 1$150; milho, 2$500; casa provisória e desmatamento, 105$000.

Obs: A moeda da época correspondia em altos valores.

Fonte: IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 1995